Um dos especialistas que tem estado a trabalhar no novo itinerário nacional para a catequese veio ao Algarve dizer aos catequistas das paróquias algarvias que o novo Diretório confere caraterísticas próprias àqueles educadores que não eram habituais.

Nos três encontros para cada uma das regiões pastorais da Diocese do Algarve que decorreram nos dias 15, 16 e 16 deste mês, o padre Manuel Queirós disse que, de acordo com o Diretório para a Catequese, o catequista passa a ser “testemunha da fé e guardião da memória de Deus”, “mestre e mistagogo” e “acompanhador e educador”.
Segundo o formador, o “primeiro aspeto importante” apontado naquele documento orientador para a catequese “é o encontro vital com Jesus Cristo”. “É a primeira competência e qualidade que um catequista deve ter. Deve encontrar-se pessoalmente e vitalmente com Jesus Cristo. Só assim poderá ser testemunha desse encontro”, realçou, lembrando que o catequista “é servidor da ação do Espírito Santo”.
O sacerdote da Diocese de Vila Real, formado em catequética destacou que “não basta saber, não basta conhecer”. “É preciso introduzir no mistério de Deus. É preciso levar a experimentar este encontro real”, sustentou, acrescentando que “o mais importante para um catequista dos novos tempos é preparar para a arte do acompanhamento”.
O especialista – que faz parte da equipa redatora do novo ‘Itinerário de iniciação à vida cristã das crianças e dos adolescentes com as famílias’, concretamente ligado à dimensão do “discipulado missionário” – sublinhou que fazer catequese “é fazer com que alguém se ponha não apenas em contacto, mas em comunhão com Jesus Cristo”. “Catequizar é levar alguém a escutar este mistério em todas as suas dimensões, compreendendo o significado dos gestos, das palavras de Cristo, dos sinais por Ele realizados”, reforçou.
O padre Manuel Queirós explicou que “o catequista é um companheiro de viagem”. “Antes de ser educador é companheiro”, completou, acrescentando que deve conhecer os “problemas, capacidades e gostos” dos catequizandos. “Deve ser especialista em humanidade”, sintetizou.
O formador explicou que o novo Diretório para a Catequese, editado em 2020 pelo Vaticano, realça o valor do catequista ao referir-se a ele na primeira parte da publicação. “Depois de falar da revelação, da sua transmissão, da identidade da catequese, fala dos catequistas e da sua formação. Quer dizer que não há catequese sem catequistas. Os catequistas são os sujeitos ativos da transmissão da fé”, destacou.
Ao referir a “identidade e vocação do catequista” que o documento aborda, confirmou que todos estão incluídos: “leigos, consagrados, diáconos, presbíteros e bispos”. “A vocação batismal é a base de tudo e todos estamos em pé de igualdade”, salientou, acrescentando que “uma diocese precisa de um bispo que tenha uma paixão pela catequese”.

O sacerdote disse não haver um perfil do catequista apontado no documento, mas “muitos perfis”. “Há uma diversidade muito grande. Precisamos de catequistas de vários tipos que trabalhem com pessoas da primeira infância, com jovens, com adultos, com pessoas portadoras de deficiência, com pessoas em situação marginal, com estrangeiros”, precisou.
O formador realçou também o papel da família dos catequizandos, explicando que os pais passam a ser “sujeitos ativos da catequese”. “A partir de agora não podemos mais pensar que os pais delegam a sua missão em nós. Eles têm o direito (e também o dever) de ser sujeitos ativos da catequese. Nós somos colaboradores dos pais, não são os pais que são nossos colaboradores. Eles é que têm a tutela dos seus filhos”, sustentou, acrescentando que, através dos sacramentos da iniciação cristã – batismo, Eucaristia e confirmação –, “mas também pelo sacramento do matrimónio eles estão capacitados para serem catequistas”.
O sacerdote explicou que os últimos números do documento são dedicados aos avós, cujo serviço disse ser “muito importante também para a transmissão da fé”, e que também contém vários destinados ao papel das mulheres.
O padre Manuel Queirós salientou igualmente que o catequista tem “outra missão importante” que é a de “educar para a sinodalidade” e não apenas “exercer a sinodalidade”. O catequeta acrescentou a propósito que o grupo de catequistas, “se funcionar bem, é um espaço de sinodalidade fundamental”.
Relativamente à formação dos novos catequistas, que disse dever ser “mais espiritual” e não tanto um “conjunto de conteúdos”, explicou que a sua “primeira finalidade” deve ser revelar a “filiação divina”. “A comunidade é o lugar privilegiado da formação”, frisou, acrescentando que “a segunda faceta da formação é a velocidade das mudanças” do tempo atual. “O Diretório diz-nos que há uma outra faceta que é preciso trabalhar. Ao pensar no ser, nas nossas competências, temos de trabalhar a área do saber ser com. É a dimensão relacional. Uma coisa é eu ter muitas competências, outra coisa é eu ser capaz de estar com os outros numa relação pedagógica serena”, fundamentou.
Os três encontros sobre o novo Diretório para a Catequese para cada uma das regiões pastorais da Diocese do Algarve, promovidos pelo seu Setor Diocesano da Catequese da Infância e Adolescência, foram participados por 80 catequistas da região do barlavento no Centro Paroquial da paróquia da matriz de Portimão, 70 da região do centro no Centro Paroquial de Loulé e 120 da região do sotavento no Centro Paroquial de Olhão.
Com informações do site folhadodomingo.pt